segunda-feira, 30 de março de 2015

Amizade


O que define uma relação entre irmãos não é apenas os laços de sangue, mas também o à vontade, a confiança, a serenidade, a preocupação, os raspanetes e sermões, os amuos e a sinceridade que se te  com a pessoa. É o saber que podemos ser tal e qual como somos sem ter medo de sermos julgados, "rotulados" ou apontados. É o saber que mesmo que não nos vejamos todos os dias, ele está lá. É o saber que, aconteça o que acontecer, temos alguém que nos põe a mão nas costas e diz: "Vais ficar bem, tu és forte" ou "As coisas vão melhorar com o tempo, estou aqui" ou "Tu és bonita, tenho a certeza que o príncipe encantado anda perdido! Quando te vir, render-se-á logo!" ou ainda "A tua vida começou agora, tens muito para viver e descobrir"...
IRMÃO, uma palavra tão pequena e com uma importância infinita!

quinta-feira, 19 de março de 2015

Os dias são uma incógnita

   Quando acordamos de manhã, o que o dia nos reserva é sempre um mistério, uma equação da qual nós vamos resolvendo até ao rebentar do crepúsculo. Por isso, podemos despertar com a impressão de que devíamos continuar a dormir e na realidade aguardam-nos surpresas maravilhosas, ou ter um despertar magnífico e a noite chega cheia de partidas.
   Ontem foi um daqueles dias que fogem das regras, não me contento com um só estilo e quis ter um pouco dos dois! Começou magnífico e transformou-se em péssimo, todavia voltou a melhorar e todos os astros me sorriram. A manhã foi rápida a ir-se embora e despediu-se com um "Au revoir!" traquino e matreiro, com um piscar de olhos suspeito... Com uma abertura assim, o que poderia esperar da tarde? Pior era difícil!
   De qualquer forma saudei a tarde, acabadinha de se anunciar e com um sorriso mal feito deixei-a revelar-se, à espera do que trazia, e que revelação! Com o andar das horas, fui maravilhada e presenteada com uma paisagem digna de um paraíso e de uma companhia de faltar as palavras: o cheiro da maresia misturava-se com o seu aroma, formando uma fragrância perfumada; o som das poucas ondas juntava-se ao da sua voz, criando uma melodia perfeita; e o reflexo do Sol na água espelhava-se nos seus grandes olhos, deixando a sua beleza transparecer. A tarde não parava de me felicitar, o seu fim chegou e foi com um grande sorriso e uma felicidade extrema que recebi a noite, envolta no seu majestoso mistério: muitos segredos, receios, inseguranças, promessas foram revelados e guardados com todo o cuidado e um carinho incrivelmente verdadeiro.
   "Bem... Acho que está na hora...", declaração difícil de se ouvir e afirmar depois de uma tarde esplêndida! Sim, a despedida... uma lágrima no canto do olho era escondida pela ausência da luz, apenas a suficiente para sabermos onde estávamos, o tempo passou num ápice. O compasso de espera, a necessidade de ouvir o som já distinto no meio de muitas outras vozes, a espera, o "Até já!" ou o "Até amanhã!"... Os dias são incógnitas em que o primeiro resultado pode estar errado, mas que se voltarmos a tentar chegamos à solução! 

Ideias inacabadas

   O medo renasce das cinzas que se encontravam depositadas no solo, e aparece ainda mais resistente e com maldade. Os sentimentos, num alvoroço, tropeçam uns nos outros e ao fim de uns minutos ouvem-se relatos de um ferido grave e de vários ligeiros, nenhum escapou sem uma mazela.
   As palavras, que até agora ainda se proferiam, falham-me ou escondem-se com receio. As primeiras lágrimas alojam-se no canto dos olhos e as forças no corpo desvanecem-se numa fracção de segundos. Consigo, o medo transporta a ansiedade e o pânico que, com um só ataque trespassa as barreiras de defesa e surpreende a frente atacante, desarmada.
   Um calor frio sobe-me espinha a cima e a respiração cessa. Perco os sentidos e desmaio. O coração detém-se de bater e a mente afasta o pensamento, a voz é um eco que mal se percebe e o último suspiro abandona os meus lábios. Não sei o que se passa, o que está a acontecer, que todas as portas se cessem...

segunda-feira, 16 de março de 2015

Carta de despedida

Londres, 16 de Março, de 2015
De: Mim
Para: Ti

      Olá! As últimas palavras proferidas para ti ainda não foram ditas nem há minutos, mas houve muitas que ficaram por dizer e outras que não tive coragem de as verbalizar. Não sei se foi por bloqueio ou se por o momento não ser o indicado, todavia chegou a hora... Chegou a hora de acabar com as mentiras e colocar "as cartas em cima da mesa", por isso, só te peço que leias com atenção esta carta que te escrevo.
      Sentada junto à janela procuro as palavras certas para falar contigo, procuro-as no coração e nas imagens que me assaltam a mente, procuro as palavras que me sufocam e não querem sair. Quando te digo - «Eu amo-te» -, nunca é da boca para fora, não é mais uma frase feita que se ouve com regularidade, são palavras com um sentimento escondido nas entrelinhas. Lembras-te como tudo começou? Como de simples estranhos passamos a ser o mundo um do outro? Eu lembro-me, lembro-me da troca inesperada e tímida de olhares, de um - «Oi!...» - pensativo e curioso e quis saber tudo sobre ti, quis fazer parte do que eras e fazias, lembro-me de pensar - «Sim, é ele. O príncipe encantado que andava perdido e que tanto procurei... É ele, é ele que será a chave do meu coração...». - E tu deste início a um novo capítulo do meu livro, onde escrevi uma parte do romance e eu deixei que tu entrasses, que derrubasses cada pedra da muralha que eu tinha erguido.
      Adorava todas as surpresas que preparavas, todos os passeios ao pôr-do-sol, todos os mimos e carinho que me davas, adorava todos os beijos que roubávamos um ao outro. Ahahah!, lembras-te daquela vez que caímos na água do lago, no nosso jardim, porque estava amuada e não queria dar-te um beijo? Tanto esforçaste que eu caí para trás e levei-te comigo! Sim, o amuo passou, a forma como me disseste - «Quero-te para sempre.» - conquistou o que ainda contra-atacava. Lembro-me do primeiro beijo que demos, da primeira rosa que me entregaste, da primeira vez que me tocaste a face, do quão gentil e apaixonado estavas e olhavas na profundeza dos meus olhos. Lembro-me... lembro-me da primeira noite que não dormiste em casa, porque eu não queria ficar longe de ti.
      E como diz a letra de uma música, tudo o que inicia também finda, e um dia os afectos começaram a dissipar-se em pequeninas nuvens, um dia os teus gestos começaram a não fazer falta, começaste a não fazer falta. O que mudou? Começaste a afastar-te, a dar-me por um "jogo ganho", as palavras sentidas não eram mais proferidas por ti e quando sentiste que, também eu, deixei de te querer como queria, percebeste que eu te fazia falta e, assim como o súbito "jogo ganho", assim voltou o fazeres tudo por aquela rapariga que te amava desde aquela troca de olhares. E eu deixei que entrasses de novo, todavia já não era igual, não conseguia ver mais o príncipe encantado, a pedra da muralha adquiriu uma maior consistência e menti aos dois. Menti a mim e a ti... É mesmo isso que estás a pensar...
      Está na hora de ouvires pela última vez este nome, não quero mentir nem enganar mais, aqui está o que não arranjei forças para te dizer, meu amor: Acabou... É um ponto final sem mudança de parágrafo. As lágrimas estão a escorrer-me pela cara e o meu coração desfaz-se em migalhas e dói-me, mas é o fim... este amor já não faz sentido. Adeus... Para sempre... Adeus... 

sábado, 14 de março de 2015

Saudade

   O dia que acabou neste momento, que se tornou "passado" e "ontem", foi um tanto estranho... Estive feliz, alegre, com um riso contagiante e no entanto faltava-me algo, senti que faltava aquele "clic" para o dia ser perfeito. Mas o quê?... Por mais voltas que desse à cabeça não conseguia perceber! O que é que estava a fazer com que, de vez em quando, me aparecesse um brilhozinho nos olhos?
   Bem, a manhã passou e num fechar de olhos, a tarde impôs-se com toda a sua beleza, a sensação estranha não dava vazão e ainda aumentou com o cair da noite. Eu, mais irrequieta do que nunca, distraía-me sempre que podia, distraí-me a arrumar isto ou aquilo, a falar com este ou com aquele, a andar de um lado para o outro, distraía-me a ocupar a cabeça, e nada... nada afastava aquela impressão, era como se falasse cada vez mais alto: "Estou aqui! Vês, vês? Ah!, eu sabia que ias ver-me!"
   E vi mesmo! Vi e percebi o porquê de começar com uma pequena sensação e acabar com um pressentimento constituído por cabeça, tronco e membros. Saudades! Eram e são saudades que sentia e sinto. Saudades... lembranças guardadas na memória, que nos fazem sorrir e rir sempre que pensamos em algo ou alguém que foi, ou é, importante para nós.

terça-feira, 10 de março de 2015

Excerto do livro "O Pricipezinho", de Antoine De Saint-Exupéry

      (...)Voltei a sentir-me gelado pela sensação do irreparável. E tive consciência de que me era insuportável pensar que nunca mais ouviria aquele riso. Para mim, era como uma fonte no meio do deserto. 
      -- Quero ouvir-te rir mais uma vez, meu rapazinho!
(...)
      -- O que é importante, não se vê...
      -- Pois não...
      -- É como com a flor. Quando se ama uma flor que está plantada numa estrela, é bom olhar para o céu, à noite. É que todas as estrelas ficam floridas...
      -- Pois ficam...
(...)
      -- Depois, à noite, pões-te a olhar para as estrelas. A minha é pequenina demais para se ver daqui. Mas é melhor assim: para ti, a minha estrela vai ser uma estrela qualquer. Assim gostas de olhar para as estrelas todas... Todas elas serão tuas amigas. E agora vou dar-te uma prenda!
       E voltou a rir.
      -- Ah, meu menino, meu menino, como eu gosto de ouvir esse teu riso!
      -- É precisamente a minha prenda... É como com a água...-O que é que isso quer dizer?- As pssoas têm estrelas que não são as mesmas. Para os viajantes, as estrelas são guias. (...) Tu, tu vais ter estrelas como mais ninguém...
     -- O que é que isso quer dizer?
     -- À noite, pões-te a olhar para o céu e, como eu moro numa delas, como eu me estou a rir numa delas, para ti, é como se todas as estrelas se rissem! Vais ser a única pessoa no mundo que tem estrelas capazes de rir!
      E voltou a rir.

sexta-feira, 6 de março de 2015

...

Calor... frio... presente... ausente... céu... inferno... bom... mau... Sinceramente, não compreendo alguns seres humanos (ou coisas, criaturas imundas)... Ódio... raiva... nojo!




quarta-feira, 4 de março de 2015

Poema: "Passado, Presente, Futuro"


Que bom poder ouvir a tua voz!
Que bom poder sentir o teu abraço!
Que bom poder cheirar o teu perfume!
Que bom poder tocar a tua face!

Que bom possuir toda a história,
e não possuir nada...
De uma inocente criança
a uma mulher realista...

Não, não agradeço por ajudares
a crescer... a não sonhar.
Reprimo os teus sonhos,
reprimo as tuas vitórias.

Criança já não posso ser.
Realista não serei mais.
No futuro, o que queres?
Sim, foi um conto, todavia
não será mais. 

(Maio 2013)

Passeio

   Ontem apeteceu-me ir andar sem rumo, viajar sem parar, vaguear por aí e parar só quando fiquei sem forças para mais. Da praia até à serra, do mar até à terra, do comum até ao místico, necessitei de tudo isso, necessitei de sentir preenchido os lugares em falta dentro de mim, aqueles em que sonhei um dia vires a deslumbrar-te com a luz e nunca a roubares... todavia a ganância falou mais alto que os meus sentimentos, roubaste o brilho dela e levaste-o contigo deixando-me para trás, na escuridão...
   O início da caminhada tinha uma meta ao longe e um objectivo concreto, com o passar dos minutos, das horas ambos dissiparam-se como um nevoeiro, que vem e vai sem avisar. Os passos que começaram à beira-mar acabaram no meio da serra, os passos que acompanhavam o rebentar das ondas desviaram-se para os trilhos sinuosos das raízes e a mente vagueava por aqui e por ali, não queria acreditar na realidade mas sim que era apenas mais um pesadelo daqueles que se acorda sobressaltado, a meio da noite. Por mim, passavam casais felizes e embriagados no carinho e amor um do outro... pergunto-me: Quando é que será a minha vez? Quando é que experienciarei esta embriaguez? Quando é que irei sentir o aconchego e o calor de um beijo verdadeiro? Quando, quando, quando... Tantos "quandos"!!
  Passeava no meio de outros seres iguais a mim, estes com grandes sorrisos e cariciosos olhares quando viam a pessoa a seu lado. Passeava, e as palavras que eles verbalizavam eram puros ecos ao fundo... Eu observava as ondas, ao longe, que vinham e iam, observava as formas impressas na areia, olhava não sei bem para onde... olhava para a mancha em tons de vermelho e laranja, salpicada com algum violeta.
   Fim da tarde, início da noite, mais uma vez perdi-me no tempo. Neste momento já não há criança, já não há ingenuidade nem inocência. Neste momento existe uma pessoa adulta, alguém realista e com escassez de sonhos e contos de fadas. Neste momento vê-se a realidade pura e dura... sem escondidas e sem medos. A criança, acabou de completar um ciclo: cresceu.

Início do fim

      Cansei-me. Cansei-me de chorar, de brincar, de sorrir... Fiquei farta de tudo o que tenha significado na minha vida miserável.
      Preciso de adormecer e não acordar. Desligar-me do que amo, deixar tudo para trás. Não, não quero viver... não quero sofrer mais, iludir-me com coisas fúteis que não merecem a sua existência. Sou um ser solitário, uma criatura que carece de paz e sossego, de pensar nos seus actos... pensar nos seus pensamentos! Analisar, quase sempre, as suas atitudes. Sim, necessito de me encontrar e perder-me de novo.


(Abril 2013)

Fénix

O karma da Fénix... Sempre que morre consegue  reviver, levantar-se sobre as suas próprias cinzas e abraçar o céu, como se todo ele fosse in...