domingo, 26 de abril de 2015

Time To Change


      Quem nunca sentiu necessidade de mudar a sua pessoa que se chegue à frente! Estes últimos tempos consumiram muito do que podia ter feito, ou dito, ou sido. Acordei para uma realidade que pensei que era inexistente e que só acontecia nos filmes. No entanto, não me arrependo de terem ficado escritos e impressos no livro que está a ser feito, não me arrependo de me ter passado pela cabeça em querer cortar-me e suicidar-me... São momentos que fazem parte da minha história, da minha vida, não me arrependo de completamente nada, pois foram instantes bonitos e queridos igualmente, foram instantes com coisas boas também. Se chorei? Ah... Muito... muito! Chorei o que tinha e o que não tinha; chorei por mim e por ti; chorei pelo que não houve e pelo que houve; fiz-me de forte e quebrei; deixei a muralha desmoronar e voltei a erguê-la mais alta e mais firme... Mas também ri, sorri, brinquei, corei! E isso são memórias que são demasiado importantes para ficarem registadas numa fotografia, pois o único lugar possível é dentro dos meus olhos.
      Andei perdida e, aos poucos, estou a encontrar-me de novo, todavia sei que não estou sozinha. Sei que tenho um porto seguro consistente que diz "...tens uma vida inteira pela frente, para viveres e descobrires. Sabes que podes contar comigo, não sabes?". Sim... eu sei... Let's change.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Chegada ao Ponto de Partida

      

      O ciclo completa mais uma volta e torna a repetir-se: volta aquele cansaço angustiante, a falta de ar, as ideias de suicídio, a entrega da alma e do corpo à morte, a perfeição de um mundo sem mim... Não faço falta a ninguém, por isso, porque é que tento convencer-me do contrário?
      Lágrimas para chorar não restam mais, os meus olhos esgotaram as que ainda tinha da última vez, todavia ainda possuo o sangue que corre dentro de mim... Como será o seu aspecto no exterior? Vou tentar. Tentei. Um fio escarlate escorre do meio do braço até ao pulso, uma linha perfeita que contrasta com o branco da pele. Não doeu. Não dói. No entanto, como uma droga, vicia. A imagem é viciante e aliciante para continuar em frente, para tentar uma e outra vez. Eu vou. Eu tento mais uma vez. Não me repugna. Acalma-me. Enfraquece-me. Descanso. Adormeço.
      O que às vezes parece uma parvoíce, uma estupidez, neste momento vejo a única forma de me acalmar, uma ferida na mão, um arranhão no braço, um passo mal dado e sou transportada para um novo porto de chegada, sem possibilidade de partida.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Fim de dia na praia

      Sentada na esplanada, já a meia luz, observava os passos descontraídos daqueles que se deslocavam diante os seus olhos. Um pouco mais ao fundo, as últimas toalhas e guarda-sóis erguiam-se e seguiam rumo às suas casas. A areia ficava deserta e a água movimentava-se apenas com a brisa que se levantava. Uma madeixa solta-se do longo cabelo, bem apanhado, que revelava um rosto de perfeitas feições, quase como se esculpido em pedra; os lábios, de um vermelho intenso, contrastavam com o límpido azul dos olhos, estes que escondiam muitos pensamentos e algumas farpas.
      O Sol que submergia no oceano brindava o fim da tarde com os seus tons de laranja e encarnado, e a rapariga absorvia todo aquele cenário. Absorvia e imaginava como seria estar ali com alguém a seu lado, imaginava como seria bom ter a sua alma gémea a contemplá-la enquanto o seu rosto contrastava com a paisagem. A rapariga, imaginava o que não era preciso dizer, porque a expressão na cara daquele que amava mostrava o quanto a desejava e o quanto sortudo era por poder ter alguém tão especial no seu caminho. Aquela, de cabelo apanhado e de límpidos olhos azuis, sonhava e desejava que um dia todas estas imagens passassem a ser reais e tivessem vida!
      O ar quente do dia converteu-se em ar fresco da noite, toda ela com um céu estrelado. A rapariga, já não sentada na esplanada mas no muro de pedra que separava o paredão da areia, de olhar calmo, pensava em todos os sonhos que tinha e questionava-se quando seria a sua vez de ser feliz...

Baú de memórias

Dou por mim mais uma vez a remexer no baú arrumado aos pés da cama… o que era para espreitar durante uns minutos, tornou-se nas horas de toda a tarde.
As minhas mãos encontram fotografias, pedaços de papéis, cartas, roupas, desenhos, tudo o que um dia me fez rir até à exaustão e fez-me acreditar que era feliz… Tudo isto que, naquele momento, naquele instante de tempo, me parecia a única realidade. Olhava para as lembranças impressas na eternidade de uma folha e nos abraços e olhares congelados e gravados para sempre. Assistia, como se de um filme se tratasse, de novo em cena, com as suas cores e as suas personagens vestidas com os trajes encontrados. No entanto, a vontade de rir não apareceu, a comédia passou a drama e a saudade surgiu com todo o seu esplendor e grandeza. Saudade de tudo e de nada, saudade deste e daquele, saudade do dia, da tarde, da noite, saudade dos passeios, dos cheiros, dos sons, saudade de ti, saudade daquilo que vivi e já não viverei porque será sempre diferente!
As palavras… Meu Deus, as palavras escritas e que estou a ler… estas mesmas que já não são iguais, que já não soam de forma idêntica porque quem as diz sou eu e não são vocês, e não és tu, as palavras que escondem muita coisa nas entrelinhas, as palavras que nasceram do coração e cresceram com os olhos, as palavras que arracaram risos estão a arrancar pequenas gotas.
Agora que as leio uma segunda vez, vejo que no dia que brotaram traziam um significado que só agora seria decifrado, pois foi preciso “dar tempo ao tempo” para ir procura-las.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Momento oportuno

    Dia após dia, pouco a pouco ganho coragem e força para avançar com o plano. Hoje passo ao de leve na mão, um pequeno corte como se fosse papel; amanhã experimento o braço, um golpe maior como se tivesse caído; no dia a seguir mais perto do pulso, ainda ao de leve... As linhas demarcadas na pele são difíceis de resistir e a vontade de provar o líquido que corre nelas é esmagadoramente feroz.
    Enquanto espero ansiosa pelo momento , a memória prega-me partidas e mostra-me pequenos feixes de luz de momentos que sorri e ri, de momentos que tinha a felicidade estampada no rosto, o problema é que nada conseguirá mudar a decisão tomada e ganho ainda mais força para acabar com a minha vida... Sempre que passava um bom bocado, roubavam-me o chão que pisava e a queda era vertiginosa e inesperada.
    Comigo nada levo, deixo tudo. Não preciso de nada depois de morrer, nem de compreensão, pois essa implorei que ma dessem enquanto respirava e não tive, fui privada do seu uso e do seu significado! Não preciso de penas ou adorações, as coisas são como são e não como queríamos que fossem. O momento oportuno chegou, acabou a dor, finalmente vou ser livre!

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Cobardia ou Coragem?

   Pedaço por pedaço o meu corpo desfalece, gota a gota formam-se pequenos aglomerados de água salgada junto aos lábios, o pensamento termina e o sentimento cessa... Sem dar por isso, a apatia apanhou-me e a frieza apoderou-se de mim.
   Interpretar o papel de uma pessoa feliz, vinte e quatro sobre vinte e quatro horas, realizado sempre com o mesmo actor, é cansativo e desgastante! Pensei que poderia resultar, que conseguisse ficar contagiada com a alegria, no entanto só piorou e tornou-se esmagador ao encarar a realidade. Já disse, estou farta... Esgotada de mentir a mim própria! Pode ser que, ao escrever, as ideias tentadoras e interessantes se desvaneçam ou fiquem por uns tempos adormecidas, mas não evitadas ou esquecidas.
   Não percebo a minha hesitação em dar um passo para a frente, afinal, a minha falta será nenhuma, há e haverá outros tantos iguais a mim que me substituem e substituirão na perfeição (como se costuma dizer, assentam que nem uma luva!), por isso, do que é que estou à espera?... Ah! Aí está, ou a falta dela, coragem! É isso que falta! Cobarde...

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Futuro?

O futuro consegue ser um sacana quando quer!
Ilude-nos e brinca connosco até se fartar, deitando-nos ao lixo assim que deixamos de ser úteis ou assim que encontra um novo entretém...
Não passamos de marionetas banais, comandadas e guiadas por fios invisíveis. E ilude-nos com o facto de conseguir fazer que tenhamos a ideia de que quem controla a nossa vida somos nós mesmos. Eis a maior farsa em que acreditamos.
Será que o presente participa neste jogo? Mas que pergunta, é claro que sim, e do lado contrário, não como apoiante ou júri.

Morte ou Suicídio?

   

   As lágrimas escorrem-me pelo rosto fora e passeio até ao abismo. Não há corda onde me agarre ou laço que me segure, não tenho vergonha de ser vista pelos outros, diferentes de mim mas iguais no corpo. A felicidade rapidamente se transformou num pesadelo real, do qual não consigo fugir, as minhas forças acabaram, já não me importo, já não quero saber se vai magoar ou prejudicar quem cá fica, a única ideia que me passa na mente é morrer... Morte, suicídio, o que quiserem chamar, mas assim vou ter paz finalmente.
   As memórias travessam-se à frente dos olhos como que uma súplica para não reagir de forma estúpida, a pedirem por favor para aguentar o teatro por mais uns minutos, no entanto estou decidida! Decidida a pôr um ponto final a este sofrimento, a estas mentiras, a este papel! Decidida a morrer e acalmar o espírito, deixar a parte física para sempre confinada dentro de quatro placas de madeira e no interior do solo. O que me resta da consciência sabe que irei estar mais perto do calor da Terra, e não da sua atmosfera mas também sabe que as almas são apáticas e não sentem dor ou alegria... Vejo muitas vantagens... O encarnado combina melhor comigo e faz lembrar-me a sede de sangue que, de vez em quando, enfeitiça-me durante o sono.
   É agora, chegou o momento. Comprimidos ou bebida é muito cliché... mas gosto da ideia dos calmantes e as lâminas também estão à mão... dormir, dormir é bom, não se sofre e larga-se o corpo de uma forma suave. Adeus a todos, adeus. Já não sinto... Morri, por fim.

Fénix

O karma da Fénix... Sempre que morre consegue  reviver, levantar-se sobre as suas próprias cinzas e abraçar o céu, como se todo ele fosse in...