segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Montanha Russa






Os grandes sorrisos escondem as piores dores. Os melhores conselhos escondem as horríveis experiências de vida. Os olhos mais brilhantes e luminosos... cegam-se a todo o momento pela escuridão mais profunda.

domingo, 27 de setembro de 2015

Inconstância

Procurei o amor que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava.
Eterna sonhadora edificava
meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
e tanto beijo a boca me queimava!
E era o Sol que os longes deslumbrava,
igual a tanto Sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Um Sol a apagar-se e outro a acender,
nas brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
é igual a outro amor que vai surgindo,
que há-de partir também... Nem eu sei quando...

Florbela Espanca

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Quem Guia, Quem É Guiado?

   Tudo não passa de uma brincadeira inocente, entre dois adultos, com carências e desejos ardentes, com uma fome difícil de saciar e uma atracção perigosamente doentia... Como se o corpo ganhasse vontade própria, ele apenas se sente seguro quando não a tem por perto; ela, encurta a distância passo a passo, sorrateiramente, devagar, até o encurralar entre os seus braços e uma parede. Dois corações batem a um ritmo desmedido e acelerado, as respirações tornam-se densas, são somente dois naquela divisão, a cabeça não pensa e o coração não sente, os lábios movem-se e as mãos entram em contacto com o corpo um do outro.
   Quem guia, quem é guiado? Um beijo rápido mas suave, uma pequena mordida no lábio e um puxar caricioso do cabelo. O controlo é descontrolado... O toque suave dela rouba-lhe por instantes a força nas pernas, o toque seguro dele provoca-lhe arrepios junto ao ventre. Quem guia, quem é guiado? Novamente a junção das bocas, o contacto por cima das roupas molhadas ainda vestidas, ela segue em frente e timidamente toca na barriga dele, sem pressa tira-lhe a parte de cima ficando o tronco a nu. Ele percorre os seus passos e deixa-a com a renda destapada. Ele massaja-lhe o peito e ela tropeça. Ela desaperta-lhe as calças e ele beija-a com mais força, um beijo furioso e rouco. Jamais voltarão ao que eram, já não, já não há volta a dar. O membro duro, por trás dos bóxeres, nos seus dedos provoca um desconforto confortável e ela ri-se. As calças que veste quase arrancadas das suas ancas caiem-lhe aos pés... Renda com renda... Quente, encharcada... Um encostado ao outro... Centro com centro... Quem guia, quem é guiado?
   A roupa interior é esquecida a um canto, ele quer possuí-la, ela quer senti-lo. Gentilmente, atravessa o tronco dele até ao sexo que possui nas mãos. As respirações ficam cada vez mais rápidas e ela arranha ao de leve com os dentes, ele perdeu de vez o controlo, num movimento rápido levanta-a e afunda-se nela. Movimentos para cima e baixo, um gemido seguido de um grito entoa no ar e os olhares enevoam-se... Ele permanece dentro dela, ela permanece ao seu colo. Dois olhares de puro êxtase.
   Quem guia, quem é guiado? Tudo não passa de uma brincadeira inocente.     

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Palavras sem tradução

"As palavras que movem e que constituem perigo são as palavras que não podem ser ditas em nenhuma língua: as palavras dos sonhos. Quando não se fecha uma estória, a multidão fica contaminada pela doença de sonhar."

Mia Couto


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Melodia desconhecida

Raramente sabemos o que estamos a ouvir quando ouvimos uma coisa pela primeira vez, mas uma coisa é certa: ouvimo-la como nunca a tornaremos a ouvir. Voltamos ao momento para a reviver, suponho, mas nunca a conseguimos encontrar de facto, apenas a sua recordação, o mais ténue vestígio do que foi realmente, do que significou.

Deixa O Grande Mundo Girar, Colum McCann

Fénix

O karma da Fénix... Sempre que morre consegue  reviver, levantar-se sobre as suas próprias cinzas e abraçar o céu, como se todo ele fosse in...