sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Capítulos

      Olho para trás e observo um longo caminho cheio de obstáculos escondidos, caminhos repletos de entraves e mentiras, olho para trás e vejo o que foi percorrido. À minha frente, uma estante com vários volumes, cada um com uma história diferente… tiro um dos últimos. Sento-me e afundo-me na sua leitura. A história relata as vivências da personagem principal, do seu passado recente de risos, sorrisos e felicidade que escondem a verdade. Escondem a tristeza, as lágrimas e os cortes pelo corpo fora, escondem o desespero de querer o sangue a escorrer pelas mãos e não conseguir… Viro a página. Novo parágrafo, novo capítulo, nova figura a contracenar. O rapaz cruza-se com a rapariga e trocam uns dedos de conversa. Ela encobre o que sente para ele não perceber o que se passa, no entanto o cansaço leva a melhor e a realidade é revelada. O rapaz fica a saber a escuridão e a tortura que a rapariga vive e não se afasta, não foge. Também ele tem os seus fantasmas e perigos. Por fora a rapariga sente-se mais leve pelo desabafo e por ter onde se apoiar, todavia por dentro o medo de dar-se a conhecer consome-a.
      Devagar, linha a linha, com o desenvolver da história, o rapaz destranca mais uma porta e entra gentilmente no compartimento. Ela confia nele e o medo dispersa-se lentamente. A morte, o suicídio, a ideia do sangue numa mão e a lâmina na outra tornam-se vestígios...

domingo, 22 de novembro de 2015

Vagueando pelo tempo


"Night is purer than day, it's better for thinking and loving and dreaming.

At night is more intense, more true.

The echo of words that have been spoken during the day takes on a new and deeper 

meaning."

sábado, 21 de novembro de 2015

Algo a ponderar...

"O suicídio não é querer morrer, é querer desaparecer." - Georges Perros

Cansada de tudo...

Sem forças para olhar para qualquer direção...

Desaparecer...

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Termo do dia

   O dia terminou e a noite começa a brotar no fundo do horizonte. A cidade emerge no lusco fusco das luzes e as ruas clareiam-se com holofotes suspensos no ar, presos por um poste. As crianças vindas das escolas recolhem-se nas suas casas e nestas, às janelas, observam-se sombras no aconchego do lar. O som dos carros mistura-se com  os comboios apressados, estes que transportam ideias para o jantar, listas de tarefas para o dia seguinte, a combinação da veste para a manhã, carruagens repletas de troca de mensagens... Onde estás, meu amor, ainda demoras?; Não imaginas o que me aconteceu hoje!; Morro de saudades tuas e só nos afastámos à minutos.; Avisaste o mano que o ias buscar?; Temos que ter uma conversa, sobre nós. Falamos quando regressar...
   Trabalhos feitos, loiça arrumada e lazer completo. Hora de dormir e de dar por encerrada a escrita de mais uma página. 


domingo, 15 de novembro de 2015

Não contes as estrelas, repara na lua




Enquanto contavas o número de estrelas que havia no céu, eu esperava que observasses a lua e dissesses o quanto é linda.
Não o fizeste... os astros que enumeravas eram pontos de luz que faleciam no espaço, enquanto que a lua nascia todas as noites - grande ou pequena - para olhar para ti. Uma noite, ela desistiu...  

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Nevoeiro

Não preciso mais de esconder as lágrimas por trás do sorriso ou os golpes por baixo das mangas... ele faz isso por mim...

Quem quiser, que vá ao meu encontro. Quem conseguir, que me salve...

Eu?... Eu não sei sair por mim...

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Espreitar o passado

Mistérios que a noite trás e a noite leva...

Memórias que no dia se perdem e no dia se encontram...

Dias sem fim com começo indeterminado...

O crepúsculo espreita mas não nasce...

A morte acorda e ressurge... 

Fénix

O karma da Fénix... Sempre que morre consegue  reviver, levantar-se sobre as suas próprias cinzas e abraçar o céu, como se todo ele fosse in...